quinta-feira, 17 de abril de 2008

O sonho de Talita


Ao entrar, o perfume de lavanda paira no ar. Todas as coisas em seus lugares impecavelmente limpas. Á minha esquerda o aparador com fotos e objetos queridos, daqueles que se junta através dos anos vividos e que são nada menos do que pedaços de momentos e lugares.
No centro da sala, na mesa de jantar arrumada com muita atenção o jantar encontra-se servido. O cheiro do frango assado com laranjas , a travessa com o arroz branco fumegante estranhamente destoa da salada de atum com batatas e cebola. Uma molheira com cream cheese caseiro e os guardanapos dobrados. Os copos de cristal comprados na liquidação da Sendas que sempre foram meu maior orgulho econômico estão lá também.
Entro e coloco a bolsa no sofá que está devidamente arrumado com as almofadas no lugar.
Digo oi, a voz responde animada: O jantar está pronto!
Prontamente vou ao banheiro que também cheira a lavanda, com um sabonete de erva-doce lavo as mãos e seco nas toalhas verde limão limpíssimas e dispostas com atenção no suporte.
Ao passar pelo quarto percebo que não há nada fora do seu lugar, nem uma peça de roupa sequer fora dos armários. E a cama está muito bem arrumada.
Vou à cozinha, e contrariando a visão da comida pronta, estava limpa e organizada. Ao abrir a geladeira, sobremesas e legumes dispostos de forma artisticamente bela. Tem ovos, leite, iogurte, maionese(!!!) e a água gelada que era a minha meta.
Devidamente hidratada, volto à sala e ao jantar. Entre conversas bobas e piadas, as notícias do jornal e lembranças da infância comemos juntos a comida preparada tão minuciosamente. Tudo tem gosto de perfeição.
Terminado o jantar, a frase mais esperada: você não precisa lavar a louça hoje. Por que não toma um banho e assiste a novela?
Banho, quente e com xampú perfumado arrematado com toalhas fofíssimas com cheirinho de amaciante. Calcinha de algodão, pijama cheiroso e caio no sofá como se mergulhasse em um sonho. O corpo cansado e a cabeça a mil não fazem mais a menor diferença.
Após os momentos de relaxamento televisivo, escovo os dentes e sigo meu rumo em direção á minha cama que hoje não parece tão grande nem tão vazia. Nos braços grandes e carinhosos adormeço. Nessa noite, não preciso de sonhos.

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