As gambiarras

Lendo o blog da minha versão masculina, descobri que não sou a única adepta das gambiarras, dessas que podem ser consideradas dignas do Macgyver.

Ocasionalmente, quando se vive sozinho, acaba-se precisando dar um jeitinho bem brasileiro aos pequenos problemas. Como brasileiro não desiste nunca, tem sempre uma gambiarra possível para resolver qualquer problema doméstico imaginável!

Na verdade, a arte da gambiarra tem sido passada de geração para geração aqui em casa. Lembro-me claramente do meu pai sempre resolvendo tudo com as tais, e da minha mãe revoltadíssima com ele por isso.

Anos depois, na ausência do rei da gambiarra, era a vez da mamãe assumir o posto. E hoje sou eu que sem nenhum orgulho, me auto-intitulo gambiarrista profissional.

Simples assim: um belo dia você se depara com um fio quebrado, e enrola o pobre todo em fita crepe, e voilá , o treco funciona. Você se sente um gênio da auto-suficiência e o fio para de funcionar algumas horas depois. Assim a gente descobre que as gambiarras não tem vida útil muito longa.

Existem , claro, as gambiarras que são dignas de orgulho do criador. Como fazer a sua mesa velha do computador virar prateleiras novas pro armário embutido(genialmente concebidas pela Zé, para o meu antes inútil e imenso armário), ou conseguir pregar um quadro à parede usando um espremedor de alho, ou ainda consertar o monitor com defeito no botão com uma tachinha percevejo( de mestre, podem dizer!!).

As gambiarras reinam lá pelas bandas da cozinha, acender o forno com rolinho de papel toalha já virou clichê. Causar pequenos incêndios na lixeira da pia com os benditos rolinhos,também.

Mas é nas receitas que me supero no que chamarei aqui de “gambiarras culinárias” . Na falta de um ingrediente, taca-se outro. Na falta de comida lá pelas tantas da madrugada, vale a gambiarra alimentar, dia desses ataquei uma lata de atum com um garfo e quase morri de indigestão.

Tem gambiarra no banheiro, pra manter a porta do jardim de inverno (colocada dentro do meu banheiro pelo espertão que construiu a minha casa) aberta pros gatos tomarem sol , para diminuir o vazamento da caixa acoplada e pra esconder o papel higiênico do gato preto, maníaco por fazer confetes.

No meu quarto além das prateleiras, tenho as gambiarras do telefone e da extensão do computador, que devido á falta de tomada fica atravessada pelo quarto pretensamente escondida sob o discretíssimo tapete de joaninha vermelho.

No quarto do irmão, gambiarra mesmo só a da cortina. Ninguém consegue furar a tal parede pra pendurar direito, sempre falta um parafuso. Além,claro das canaletas de esconder fios colada na parede pela fita-prego ( mais uma vez, coisa de gente preguiçosa. Muito pertinente esse comentário dentro do assunto,não?!).

Na sala, não tem gambiarra por que é a área social. Não quero que minhas visitas pensem que sou desleixada!

Até os gatos tem gambiarra! Precisei remendar as coleiras anti-pulgas pra caberem nos pescocinhos magrinhos dos meus siameses-vira-latas.

Conclusão do dia: Ninguém contrata eletricista a menos que a coisa fique muito caótica ou seja comprado um ar condicionado novo. Técnicos em consertos gerais,só existem em Hollywood, e se existissem por aqui cobrariam um absurdo!

A solução,meus amigos, é a gambiarra.